É cada vez mais comum encontrar empresas de apostas esportivas no Brasil e nos últimos anos o setor “bet”, como é conhecido popularmente, só cresce. Segundo dados do BNL Data, que é o informativo que trata sobre loteria, jogos e apostas esportivas, o setor movimenta mais de R$ 120 bilhões anualmente, e, só no último ano, registrou mais de 14 bilhões de acessos, mostrando o quão popular tem se tornado dia após dia. Mas esse “boom” traz consigo uma série de consequências, nem sempre positivas, como a ludopatia, por exemplo.
Imagina só uma pessoa na seguinte situação: desempregada, com uma série de compromissos financeiros e família para manter, e o pior, não consegue oportunidade de emprego. Essa mesma pessoa resolve jogar para desopilar, sair um pouco do foco dos problemas. Ela joga e ganha. No outro dia joga novamente, depois de novo e de novo. Agora uma segunda perspectiva: pessoa estabilizada financeiramente, com emprego, problemas aparentemente controlados. Ele também resolve apostar e gosta da experiência, que a faz repetí-la. Embora em contextos completamente diferentes, quando expostas ao jogo, podem, por diversos fatores, desenvolver o vício, a chamada ludopatia, que é o nome dado a quem tem dependência em apostas.
Mas, afinal de contas, por que as pessoas jogam? Segundo a neuropsicóloga Érika Lima, as pessoas jogam por uma série de razões: “o jogar traz consigo a liberação de adrenalina, a emoção de correr riscos, traz ainda a possibilidade de resolver problemas financeiros e de mudar de vida como num “passe de mágica”. O jogar funciona na cabeça da maioria das pessoas como uma forma de distração, mas na mente de quem tem predisposição genética ou ainda está passando por alguma dificuldade da mais variada que seja, o jogar deixa de ser tão somente uma atividade de distração e se torna algo incontrolável e que afeta diretamente a vida dessa pessoa e o jogador por esporte, torna-se um jogador patológico, o que pode trazer consequências social, física e emocional, além de financeira”, explica.
A situação não é nada simples, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a dependência em jogo na lista de doenças mentais, a fim, é claro, de facilitar a prevenção, diagnóstico e tratamento deste acometimento que afeta de 1% a 6% da população brasileira, segundo dados da Organização. Ainda de acordo com Lima, a maioria das pessoas expostas ao jogo não vai se tornar dependente, mas se você joga, é importante ficar atento aos sinais a fim de evitar que o pior aconteça: “estipular limites em tudo nas nossas vidas se faz necessário. No jogo deve funcionar da mesma forma. Limite os valores que vai gastar, avalie os riscos financeiros, saia enquanto estiver ganhando”.
Érika orienta ainda que, “se você começa a notar algo de diferente em seu comportamento quando joga ou após o jogo, avalie até que ponto aquilo lhe faz bem. Questione-se! O jogo tem lhe feito feliz? Você tem conseguido manter o sono e a concentração? O que lhe motiva a jogar? Está se desfazendo de bens para jogar? Como se sente quando ganha ou perde? Se você foi afirmativo para alguma das perguntas, é possível que tenha problemas com o jogo e, talvez, ficar longe da prática seja urgente e necessário”.
Como em todos os vícios, normalmente o ludopata não percebe que está acometido daquele adoecimento, então família e amigos exercem um papel fundamental nesse reconhecimento e busca por ajuda profissional. Assim sendo, fique atento, e nunca pense que “é só um joguinho”.
Assessoria de imprensa